Criminalística: o universo dos detetives

“Durante vários dias Claudia não apareceu para trabalhar nem atendeu o telefone. Preocupada com ela, sua família foi até a sua casa no centro da cidade. Tocaram a campainha. Nada. O encarregado pelo edifício abriu e eles puderam chegar até a porta do apartamento no quinto andar. Ainda sem respostas, decidiram chamar a polícia. Eles chegaram dez minutos depois e quebraram a fechadura da porta. Nem bem passaram pela porta, perceberam o vapor. Algo não estava bem e a poça de sangue que escorria por baixo da porta do banheiro indicava o que eles mais temiam. Claudia estava morta e agora cabia aos investigadores determinar se foi resultado de um suicídio ou se ela foi vítima de um crime.”

Depois que a polícia controla a situação, os especialistas precisam determinar o que aconteceu. Quem vai comandar a investigação são os especialistas em criminalística, comumente conhecidos como detetives ou investigadores, e frequentemente confundidos com cientistas forenses. A diferença dos cientistas forenses é que eles não se encarregam das provas, mas de analisar um conjunto de elementos, como fatos científicos, depoimentos, observação da cena do crime, antecedentes criminais e fatores ambientais.

A origem da criminalística remonta à Idade Média, quando nasceram as técnicas de hoje. Como, por exemplo, a datiloscopia. Mas o termo só foi criado em 1894 pelo “pai da criminalística”, Hanns Gross, quando ele publicou um livro com todos os conhecimentos técnicos e científicos da época aplicáveis à investigação criminal. Para ele, o conceito de criminalística era, “uma análise sistemática dos vestígios deixados pelo culpado”.

Outra definição, era a de Octavio Orellana (pai e filho): “A criminalística é a disciplina que aplica o conhecimento das ciências e emprega técnicas apropriadas que permitem o exame de evidências físicas, ou índicios, para esclarecer acontecimentos e descobrir o autor dos mesmos, sejam de índole punível ou não, legal ou extrajudicial, que contribuem principalmente para a administração do sistema judicial”. Assim como a análise forense serve à criminalística, esta é uma ferramenta do sistema judicial.

O personagem misterioso, ou pelo menos os mistérios que tenta resolver, o assunto tem captado a atenção da cultura popular e o trabalho dos detetives tem sido retratado na literatura, nos contos, no cinema, rádio e na televisão, com personagens como Auguste Dupin, Sherlock Holmes ou Dick Tracy, que se transformaram em ícones clássicos.

Agora, cresce a cada dia o número de pessoas interessadas em uma carreira na área de criminalística. A ciência forense hoje é estudada nas universidades como um curso de pós-graduação.

CIÊNCIAS E DISCIPLINAS QUE APOIAM A CRIMINALÍSTICA

Para realizar seu trabalho, os investigadores se apoiam em outras disciplinas ou ciências. Entre as principais estão:
-Arte forense: É o retrato falado de um possível culpado feito da memória da vítima ou de uma testemunha. Desenhado geralmente à mão livre por um retratista, mas melhorado nos dias de hoje com as ferramentas digitais, que também permitem observar o avanço da idade nos casos de pessoas desaparecidas.
-Antropologia forense: Permite descobrir o sexo e a etnia de uma pessoa a partir dos seus restos fósseis.
-Balística forense: Intervém quando é necessária a análise em laboratório de balas, projéteis e armas que podem ter sido utilizadas em um crime.
-Dactiloscopia: Utilizada para a identificação das impressões digitais de pessoas, através da comparação das impressões nos registros civis ou policiais, com aquelas deixadas no local do acontecimento. A coincidência é uma prova inegável da presença de uma determinada pessoa na cena do crime.
-Entomologia forense: Faz uma análise dos insetos em um cadáver, o que permite determinar o tempo transcorrido desde a morte e se a morte ocorreu no lugar onde o corpo foi encontrado.
-Fotografia forense: A captura de imagens fotográficas da cena do crime o mais rápido possível é importante para evitar contaminação das provas.
-Genética forense: Uma adição importante para a ciência forense moderna, é o estudo do material biológico, saliva, sêmen, sangue, cabelo e outros tecidos, para a identificação do DNA das pessoas.
-Informática forense: É importante no estudo e análise dos delitos digitais ou quando elementos importantes na investigação estão guardados em computadores.
-Medicina forense: É a observação minuciosa do cadáver em laboratórios para determinar sua identidade e causa da morte.
-Perícia caligráfica: Permite estabelecer a autenticidade dos documentos, mediante a análise da escrita, assinatura, tinta ou papel.
-Perícia de acidentes: Estuda os resíduos de incêndios ou explosões para determinar como começou e o tipo de substância que foi utilizada.
-Psicologia forense: Necessária na determinação de perfis psicológicos das vítimas, das testemunhas e dos acusados durante o processo judicial.
-Química forense: Serve para conhecer a natureza de qualquer substância ou elemento deixado na cena do crime.
-Toxicologia forense: Para determinar a presença de certas substâncias na urina e no sangue em pessoas vivas ou mortas.

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