Areia como você nunca viu antes

A olho nu, a areia parece uniformemente bonita. Manchas beges minúsculas de vários tons, cobrindo coletivamente praias, margens e desertos. Mas, quando você a espreita através de um microscópio, tudo isso muda. Gary Greenburg, um pesquisador afiliado ao Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí, criou um microscópio de luz 3D de alta definição nos anos 1990, e ele vem capturando fascinantes close-ups de areia desde então.

Agora, ele está lançando um livro de imagens de areia, junto com as colegas Carol Kiely, professora adjunta na Universidade de Lehigh, e Kate Clover, gerente de um programa na galeria do Museu da Ciência de Minnesota, em St. Paul. Kiely trabalhou com a NASA em 2008 para examinar partículas de poeira lunar recolhidas durante as missões Apollo, e acabou usando a técnica de Greenburg para capturar algumas imagens espetaculares. Clover cresceu em praias de areia branca e criou um amor pela geologia.

O livro, intitulado The Secrets of Sand: A Journey into the Amazing Microscopic World of Sand, detalha a complexidade surpreendente da areia e de onde ela vem. Isso inclui a areia de um branco puro das praias até a areia colorida como pedras preciosas, feita de pequenos fragmentos de granada e ágata, que se parecem com doces de pedra sob o microscópio. E, claro, há uma abundância de imagens de poeira lunar, que tem cores que variam do verde brilhante ao laranja profundo. Você pode obter um sabor de imagens e legendas fascinantes dos autores a seguir:

1 – Areia de Puget Sound

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Esta areia é de Kingston, Washington, em Puget Sound, uma profunda entrada do Oceano Pacífico, que possui um dos mais ricos ecossistemas marinhos do mundo. O fragmento de molusco com nervuras, talvez um berbigão, senta-se entre grãos de areia entregues pelas geleiras das montanhas das Cascatas e as Olímpicas, durante a última idade do gelo e, mais recentemente, através de rios. Ampliada 120 vezes.

2 – “Solo Laranja” Poeira lunar

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Estas minúsculas e vítreas esférulas laranjas são originárias de um vulcão que entrou em erupção há mais de 3,8 bilhões de anos atrás na Lua. Astronautas da Apollo 17 descobriram este “solo laranja” na borda da Cratera Shorty, no Taurus Littrow Valley. Ampliada 340 vezes.

3 – Poeira Lunar do Canal Hadley

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O local de pouso lunar da Apollo 15 foi perto de um desfiladeiro profundo, conhecido como Canal Hadley, que acredita-se ser um canal de lava colapsado. Em seu caminho até a cratera Spur, sobre o flanco do Monte Hadley Delta, na codilheira dos Montes Apeninos lunares, os astronautas Dave Scott e Jim Irwin avistaram vários pedregulhos parecidos com torrões de terra que continham um material verde que brilhava à luz do sol. Até o momento de o saco em que tinham sido colocadas ser aberto na Terra, as pedras quebraram em vários pedaços. Algumas pequenas esferas de vidro e outros fragmentos também foram encontrados na parte inferior do saco. A análise química revelou que o vidro é uma mistura de silício, ferro, magnésio e óxido de cálcio, com apenas quantidades vestigiais de titânio e de sódio. Acredita-se que estas esferas, como na foto anterior, originaram-se a partir de um vulcão que entrou em erupção há mais de 3,3 bilhões de anos atrás. Ampliada 105 vezes.

4 – Poeira Lunar do Mar da Tranquilidade

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Se você está andando por uma praia, subindo as dunas de um deserto chamuscado ou fazendo um “grande passo para a humanidade”, você está pisando em milhões de anos da história geológica. Esta bonita partícula, parecida com uma pedra preciosa, encontrada em uma amostra de poeira lunar recolhida do Mar da Tranquilidade, pode ter começado como um grande cristal de piroxênio, mas, ao longo do caminho ele sofreu várias fraturas, e sua estrutura interna foi modificada. As linhas verticais escuras indicam onde foi cortada uma seção do cristal com relação à outra, quando um micro meteoro, viajando a uma velocidade perto de 80 mil km por hora, chocou-se contra a superfície lunar. Ampliada 520 vezes.

5 – Minúsculo foraminífero de Mumbai, Índia

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O foraminífero espiral foi encontrado na areia da praia de Mumbai, na Índia, no Mar Arábico, na região noroeste do Oceano Índico. O Mar da Arábia é um paraíso biológico com diversificada flora e fauna marinhas. Os nutrientes, que sustentam a diversidade marinha, vêm do escoamento do rio e da ressurgência (processo em que as águas ricas em nutrientes são trazidas para a superfície, especialmente durante a estação das monções, quando os ventos e correntes mudam de direção). Foraminíferos são importantes na cadeia alimentar marinha; eles fornecem comida para caracóis, bolachas-da-praia e pequenos peixes. Ampliada 175 vezes.

6 – Areia de Quartzo de Hilton Head

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Esta areia de Hilton Head, Carolina do Sul no Atlântico, é principalmente quartzo e ela se originou nas Montanhas Apalaches. A areia composta quase inteiramente de quartzo, como esta, é indicativa de areia originária a partir de um continente onde o antigo leito de rocha é de granito. Granito é composto de quartzo, feldspato e outros minerais escuros. Conforme ele corrói, o feldspato divide-se em partículas de argila e no duro e quimicamente estável quartzo, que sobrevive tornando-se os grãos de areia da praia. Ampliado 60 vezes.

7 – Areia do Grande Lago Salgado

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A areia do Grande Lago Salgado, em Utah, é diferente da maioria das outras areias. É feita inteiramente de oólitos – minúsculas, arredondadas e brancas esferas berrantes em que cada uma é formada em torno de um núcleo, tal como um sedimento fecal de camarão ou um fragmento mineral. Como os grãos rolaram na rasa e hipersalina água do lago, eles acumularam mais e mais camadas, como bolas de neve quando rolam pelo chão coberto por ela. Ampliado 45 vezes.