Armazenar resíduos nucleares em depósitos de sal não é tão seguro quanto parece

O sal tem um lado escuro escondido, e nós não estamos falando sobre pressão arterial elevada ou doença cardíaca. Infelizmente para nós, ele pode não ser tão bom em armazenar resíduos nucleares quanto pensávamos.

Um estudo publicado em novembro na Science Advances descobriu que talvez tenhamos de levar as nossas suposições sobre os depósitos minerais com cautela. Mas vamos voltar e começar do início, com o porquê do embalamento a seco dos resíduos nucleares em sal se tornou a nossa solução recorrente de armazenamento nuclear.

Durante décadas, os depósitos de sal subterrâneos têm sido apontados como os locais de armazenamento ideais para os resíduos nucleares. Atualmente, o único repositório de resíduos nucleares nos Estados Unidos, o Waste Isolation Pilot Plant (WIPP), no Novo México, está situado em um depósito de sal com 610 m de espessura. Por quê? Porque os depósitos de sal são notavelmente estáveis.

Os depósitos em WIPP foram formados há 250 milhões de anos atrás, quando um vasto mar salgado cobria o interior de nosso continente. Conforme o mar secou, ​​a água evaporando deixou para trás vastos depósitos de sal. Nos anos seguintes, o sal permaneceu firmemente no lugar, compactado sob camadas de rocha. Ele flui e deforma um pouco, mas sem água para evaporá-lo ou terremotos para criar rachaduras gigantes no mesmo, o sal em movimento pode ‘curar’ pequenas rachaduras que possam se desenvolver. Devido à sua história estável, o governo olha para a formação como um bom lugar para colocar os resíduos nucleares – todas as rachaduras que possam permitir um vazamento seriam rapidamente seladas sem qualquer intervenção humana, e é profundo o suficiente (o WIPP começa facilmente quase 800 m abaixo da superfície). Depósitos de sal similares também são usados ​​para manter algumas das nossas reservas de petróleo.

Parece ótimo, né? Infelizmente, neste artigo recente, os pesquisadores descobriram que alguns líquidos foram capazes de fluir através de camadas de sal semelhantes. Geralmente, os cientistas supõem que o petróleo não pode fluir pelas barreiras de sal na terra – o líquido viscoso não pode absorver através do sal denso. Mas, na nova pesquisa, os cientistas descobriram que, em altas temperaturas e pressões, como as encontrados no fundo da terra, o sal pode se tornar mais poroso, permitindo que até mesmo líquidos como petróleo (que não se dissolvem no sal como a água) vazem. Um vazamento de óleo é ruim o suficiente, mas nós geralmente temos um desejo ainda mais forte de manter resíduos nucleares onde os colocamos, e se o fluido pode vazar para fora de uma barreira de sal, ele também pode ser capaz de vazar pegando material radioativo e o espalhando por aí.

Então, devemos entrar em pânico? Não. Os pesquisadores não estão dizendo que estamos todos condenados, só que os depósitos de resíduos, como o WIPP, podem precisar levar em conta ainda mais a porosidade do sal quando selarem resíduos nucleares durante milhões de anos.

Atualmente, o WIPP tem mais questões prementes com que se preocupar. Em fevereiro de 2014, um incêndio eclodiu na instalação WIPP e em outro incidente, alguns resíduos nucleares foram lançados. No primeiro caso, um caminhão entrou em contato com uma superfície quente, causando o incêndio, mas a causa do vazamento de radiação ainda é desconhecida. O WIPP não aceitou quaisquer novas importações de resíduos nucleares desde aquela época.