Diamante pode revelar pistas de oceano escondido nas profundezas da Terra

É provável que você tenha aprendido na escola que existem 5 grandes oceanos no mundo: Pacífico, Atlântico, Índico, Glacial Antártico e Glacial Ártico. Mas uma nova descoberta pode ter revelado que existe água suficiente no manto terrestre para encher mais um enorme oceano.

Um pequeno diamante de apenas 5 mm, encontrado no Brasil, pode ter sido a pista principal para desvendar alguns dos mistérios que circundam as profundezas do planeta. O estudo realizado por Graham Pearson, da University of Alberta, no Canadá, foi divulgado na revista Nature.

Esse pequeno diamante tem aparentemente nenhum valor como jóia, mas um grande valor para a ciência. Ele contém um pequeno pedaço de um mineral olivino chamado de ringwoodita. A ringwoodita é, segundo sugerem estudos em laboratórios, uma das formas da olivina, que pode assumir várias formas, dependendo da profundidade em que é encontrada. A ringwoodita é a forma encontrada em profundidades que vão de 520 a 660 km.

Esse mineral nunca havia sido visto ou encontrado antes na superfície da Terra, mas apenas em meteoritos ou sintetizada em laboratórios. Ele só pode ser formado sob pressão extrema. Como comparação, a maioria dos diamantes são formados a 150 até 200 quilômetros de profundidade.

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O manto terrestre

Você pode nunca pensar sobre ele, mas o manto terrestre é responsável pela maior parte do volume terrestre. O manto é uma camada de rochas quentes que fica entre a crosta terrestre e o núcleo do planeta. Contudo, esse manto é profundo demais para ser perfurado pela tecnologia atual e por isso sua composição é em grande parte um mistério.

As pistas que temos sobre o que há no manto vem de meteoritos e pedaços de rochas expelidas por vulcões. A lava por vezes toca o manto e traz com ela pedaços de minerais exóticos, que permitem aprender sobre os níveis de calor e pressão aos quais a olivina foi submetida.

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É no manto que a grande maioria dos diamantes são formados, e é através das erupções que ele são lançados à superfície. Esse tipo de evento, no entanto, é bastante raro. Para se ter uma ideia, desde que a ciência se tornou capaz de detectá-lo, nenhum erupção desse tipo foi observada.

O que a ringwoodita nos conta

O diamante encontrado em Juína (MT) no Brasil veio da chamada “zona de transição do manto”. A ringwoodita encontrada contém 1% do seu peso de água na forma de íons hidróxido (moléculas de oxigênio e hidrogênio conectadas).

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Isso pode não parecer muito, mas quando os cientistas consideraram a quantidade de ringwoodita que existe no manto, chegaram a conclusão que a zona de transição pode conter tanta água quanto todos os oceanos do planeta juntos!

É verdade que a água contida em um único cristal não necessariamente representa toda a zona de transição. Isso significa que esse diamante pode ser um caso especial e ter vindo de uma parte mais rica em água do manto do que o restante dele. No entanto, Hans Keppler, geologista da University of Bayreuth na Alemanha, afirma que ao julgar por essa mostra, isso parece pouco provável.

Como a água foi parar no manto

Existem duas teorias sobre de onde vem a água do manto. Uma delas defende que a água dos oceanos tenha sido carregada para baixo em zonas de subducção pelas placas tectônicas e acabaram presas por lá. A outra teoria é de que essas camadas da Terra ainda contém água que foi parte dos materiais que ajudaram a forma o planeta.

Caso a segunda teoria seja verdade, essa água provavelmente tem uma composição diferente da água que encontramos nos mares e oceanos e mais próxima da água “primordial” da Terra. Sendo assim, ela poderia prover pistas de como e de onde venho a água do nosso mundo, segundo Humberto Campins, pesquisador da University of Central Florida, em Orlando.

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