Levedura é capaz de produzir veneno de cobra

Coloque genes de cobra na levedura e o que você recebe? Acredite ou não, você recebe um medicamento de combate a coágulo sanguíneo baseado em veneno de cobra, de acordo com um estudo publicado recentemente na Scientific Reports.

Em estado selvagem, a jararaca Agkistrodon acutus tem uma reputação de ser mortal. Mas, no laboratório, as qualidades medicinais de seu veneno são conhecidas já há algum tempo. A proteína agkisacutalin, encontrada no veneno da víbora, é um anticoagulante eficaz, minimizando a formação de coágulos sanguíneos que causam acidente vascular cerebral ou insuficiência cardíaca com muito poucos efeitos colaterais. Porém, a proteína ainda não foi isolada numa forma suficientemente segura para consumo humano.

No estudo, os pesquisadores modificaram os genes da levedura Pichia pastoris, muitas vezes utilizada como um organismo modelo para experiências genéticas (e também, por vezes, como um aditivo alimentar). Dois dos genes da levedura foram substituídos por genes de cobra, e o fermento foi alimentado com glicerol à temperatura ambiente. Após 18 horas, adicionou-se metanol, que converteu o glicerol nas proteínas anticoagulantes encontradas no veneno de cobra.

Até agora, a levedura já passou por checagens de biossegurança na China, onde foi desenvolvida. Este anticoagulante à base de veneno ainda não está disponível,  mas os pesquisadores esperam que isso ocorra em breve; eles fizeram uma parceria com uma empresa biomédica privada para ampliar a produção do anticoagulante para que eles possam trazê-lo para o mercado, o South China Morning Post relata – a levedura tende a morrer depois de produzir a proteína durante 38 horas. Mas, se eles forem capazes de resolver as rugas do processo de produção de fermento em larga escala, os pesquisadores poderiam criar o máximo de proteína por ano, que de outra forma seria feita matando 15.000 cobras.