Maçãs geneticamente modificadas não escurecem quando cortadas

Quantas pessoas já não passaram pela situação de cortar uma maçã ao meio ou em pedaços, comer apenas uma parte e deixar guardado o que restou para comer depois, e ao voltar encontra a maçã com manchas marrons?

Uma pequena empresa canadense especializada em frutas chamada Okanagan parece ter a solução para esse problema desagradável. A empresa está desenvolvendo uma maçã geneticamente modificada que não adquira aquela famosa coloração amarronzada ao ser cortada ou danificada.

Enquanto algumas pessoas aguardam ansiosamente por essa maçã de aparente frescor perpétuo, muitas críticas em relação ao tema e desenvolvimento já foram apontadas.

Chamada de Maçã Ártica (do inglês, Arctic Apple), segundo a empresa, o produto passou por um processo em seu RNA, algo que envolve alta tecnologia e engenharia onde os cientistas conseguem barrar a capacidade de um organismo expressar um gene específico. No caso da Maçã Ártica, o gene em questão é aquela que produz ‘polifenol oxidase’, a enzima responsável pelo escurecimento das partes expostas.

As maçãs geneticamente modificadas já estarão disponíveis inicialmente nas variedades conhecidas como Golden Delicious consumida em grande escala nos Estados Unidos, e a Granny Smith, que é a maçã verde que conhecemos por aqui. Elas foram escolhidas porque também são largamente utilizadas na produção de cosméticos, o que aumentaria as vendas do produto.

Esses são os planos da indústria caso consigam chegar ao mercado, já que desde que a Okanagan anunciou sua nova Maçã Ártica, a empresa foi bombardeada por críticas vindas de todos os lados. Os grupos ambientalistas, os produtores de maçã entre outras associações alegam que com o consumo desta variedade de maçã modificada, as pessoas sairiam prejudicadas por não poderem ter a capacidade de descobrir quando uma maçã já está podre ou não.

Andrew Pollack escreveu ao The New York Times, e tentou explicar o longo caminho que a Maçã Ártica precisará percorrer para chegar ao mercado:

Nos EUA a Apple Association, que representa a indústria americana de maçã, se opõe a introdução do produto, como fazem algumas outras organizações do setor. Eles dizem que, apesar de não acreditarem que a engenharia genética seja perigosa, isto poderia minar a imagem da fruta como um alimento saudável e natural, algo usado em uma receita muito tradicional nos EUA, como a torta de maça.

Não acho que a indústria da maçã dos Estados Unidos esteja interessada em ter este produto no mercado neste momento“, disse Christian Schlect, presidente do Conselho de Horticultura do Noroeste, que representa a indústria, tanto a árvore quanto a fruta, em Washington, que produz cerca de 60 por cento das maçãs do país.

É esperado que o Departamento de Agricultura abra um período de 60 dias de discussão pública sobre o assunto. A empresa Okanagan espera pela aprovação regulatória das árvores geneticamente modificadas de maçã. O período de especulação e comentários públicos só terminou no Canadá, onde a empresa também está buscando a aprovação.

A empresa se defende das críticas. O fundador e presidente da Okanagan, Neal Carter, diz que “para muitas pessoas, a maçã inteira representa muita responsabilidade. Se você tivesse um cesto de maçãs inteiras em uma reunião, as pessoas não iriam comer. Mas se você tivesse uma bandeja com fatias de maçã, todo mundo iria se servir com um pedaço”.

[Jornal Ciência]