As máquinas e os dispositivos mais célebres do serviço secreto

Olhos e asas
Em maio de 1960, um avião americano U-2, que espionava e fotografava o território soviético e suas instalações militares, foi abatido pelos comunistas. O caso gerou um dos momentos de maior tensão da Guerra Fria e provou que os U-2 já não eram à prova de radares como até então se pensava. Para substituí-lo, a CIA encomendou o projeto de um novo avião de reconhecimento, o A-12 acima, hoje exposto em frente à sede da agência. Em quase toda a década de 1960, o A-12 foi usado sobretudo para ações secretas na Ásia – na Guerra do Vietnã e na Coreia do Norte.

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Um Blackbird A-12 em construção, em 1964

A máquina de enigmas
A partir do fim da 1a Guerra Mundial, mais de 100 mil máquinas de criptografar mensagens foram criadas pelos EUA e pelos países europeus. Tinham geralmente o mesmo modo de funcionamento: um teclado e um sistema elétrico de rotores que trocava, automaticamente, letras e números. A máquina Enigma, usada pelos nazistas na 2a Guerra Mundial, foi inventada em 1923. Os americanos só conseguiram decifrar seu sistema 20 anos depois, usando para esse trabalho o Colossus I, simplesmente o primeiro computador da história.

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Colossus I

Microtextos
Outro meio de comunicação secreta da Guerra Fria são os microdots, páginas de texto reduzidas centenas de vezes, até ficarem com cerca de 1 milímetro quadrado, prontas para serem inseridas sob selos e no meio de cartões postais. Para reduzir as mensagens, os agentes usavam uma câmera. Para ampliá-las, valiam-se de equipamentos óticos ou pequenas lentes. Em 1960, uma colaboradora da CIA, em Hong Kong, passou pela fronteira chinesa escondendo as lentes no estômago de peixes. Nem sempre os microdots deram certo: tão pequenos, enganavam até seus destinatários.

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Microdot

Moeda oca
Em 1953, um garoto que entregava jornais em Nova York ganhou de troco uma moeda que parecia leve demais. Ao jogá-la no chão, ela se abriu, revelando um pequeno microfilme. O objeto foi entregue ao FBI, que descobriu no filme uma tabela com 207 números de 5 dígitos. Somente décadas depois, com a ajuda de agentes da KGB que colaboraram com os americanos, soube-se que se tratava de uma mensagem de instruções ao espião Reino Häyhänen. Esse equipamento é usado ainda hoje. Em 2007, a CIA alertou ter encontrado 3 moedas ocas que escondiam minúsculos radiotransmissores.

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Mensagem encontrada dentro de uma moeda oca

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Moeda com esconderijo

Estacas de silêncio
Uma dificuldade dos agentes secretos de diversas épocas foi achar meios para transmitir mensagens, filmes fotográficos, gravações, dinheiro, mapas e outros objetos sem necessitar de encontros pessoais. A forma mais comum de resolver esse problema foi escondendo as mensagens em buracos na parede, árvores ou em objetos do dia a dia, como livros, canetas, tijolos e pedras. Geralmente usavam-se estacas, à prova d’água, poderiam ser enterradas no fundo de córregos e em gramados.

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Dispositivo para pegar radar e sinais do sistema de defesa aérea disfarçado como um toco de árvore. Poderia transmitir informações por satélite.

Beijo da morte
Em 1965, os policiais que faziam a guarda da fronteira ocidental da Alemanha encontraram um estranho objeto: um elegante batom que escondia uma pistola de 4,5 milímetros. A arma, criada pela KGB para servir a suas agentes secretas, era capaz de disparar apenas um tiro. Dispositivos semelhantes foram instalados também na maçaneta de portas e em guarda-chuvas. Em 1978, um guarda-chuva munido de um sistema pneumático de disparo foi usado no assassinato do dissidente búlgaro Georgi Markov, em uma das pontes do rio Tâmisa, em Londres.

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Arma escondida em batom

Quebra-galho
Durante a Guerra Fria, era possível assistir, em cidades do Leste Europeu, à cena de um jovem diplomata conversando com uma árvore ou com a parede de uma esquina. Não se tratava de um louco, mas de um agente secreto dando informações, via rádio, para seus superiores. Ao criar a tecnologia de escutas ambientais, os técnicos perceberam que o sistema também poderia funcionar como um canal aberto aos espiões. O dispositivo, criado pela CIA na década de 1970, era alimentado por energia solar e transmitia os dados via satélite.

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Algumas das câmeras e equipamentos de gravação foram instalados em objetos menos suspeitos, incluindo este tronco de árvore que poderia monitorar conversas secretas e confidenciais.

Código-fonte
Um modo artesanal de criptografar textos consiste em representar letras com números. Primeiro, os espiões trocam cada letra por seu número correspondente: A-0, B-1, C-2 etc. Depois, somam aos números um algoritmo secreto. A mensagem só é decifrada por quem conhece o código. A cada vez que o algoritmo é usado, fica mais fácil quebrá-lo. Na 2ª Guerra, os russos usaram o mesmo algoritmo diversas vezes, entregando muitas mensagens aos americanos.

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Fialka: máquina de criptografia usado pelos russos durante a Guerra Fria.

Calcanhar de aquiles
Um sapato era usado pela KGB para monitorar conversas de alvos e também de seus próprios agentes, para assegurar-se de que eles não estavam colaborando com os americanos ou outra agência de inteligência internacional. O equipamento é formado por um microfone, uma bateria e um radiotransmissor, pequenos o suficiente para caber no salto do sapato. Geralmente, era instalado por alguém próximo da pessoa a ser monitorada ou por empregados domésticos. Quando dava certo, o sapato-microfone entregava até mesmo conversas íntimas do alvo.

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Um dispositivo de transmissão dentro de um salto, usado para o rastreamento.

Pombo-fotógrafo

Pombos são amigos antigos dos espiões, já que possuem a habilidade de viajar a um local determinado e voltar ao ponto de origem mesmo debaixo de trovões ou bombas. Na 1ª Guerra Mundial, câmeras foram acopladas a esses animais para fotografar detalhes das trincheiras inimigas. Voando muito mais baixo que aviões, as pombas conseguiam chegar perto do alvo enquanto a pequena câmera disparava automaticamente.

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Máquina fotográficas acopladas aos pombos

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Foto tirada por um pombo

 

[Superinteressante]