A mulher é menos propensa a prejudicar uma pessoa em prol de muitas

Você está se escondendo de soldados inimigos quando um bebê órfão começa a chorar. Você sufocaria o bebê, caso fosse a única maneira de salvar a si mesmo e aos outros de serem capturados pelo inimigo? E se todos forem mortos se você não o fizer?

Diante de tal embaralhamento do cérebro com um cenário angustiante, um novo estudo publicado hoje na Society for Personality and Social Psychology Bulletin concluiu, as mulheres são menos propensas que os homens a fazerem uma ação prejudicial, mesmo que a causa seja por um bem maior.

O estudo, liderado por pesquisadores da Wilfrid Laurier University, em Ontário, Canadá, a University of Cologne e a University of Texas, em Austin, analisou 40 estudos anteriores que, juntos, perguntavam a 6.100 homens e mulheres quais as escolhas que eles fariam quando confrontados com 10 dilemas morais relacionados a assassinato, tortura, mentira, aborto e pesquisa animal. Todos opunham duas filosofias éticas uma contra outra: deontologia e utilitarismo. Deontologia tem uma abordagem ética de não-agressão: uma ação ou é moralmente certo ou errada, não importa as suas consequências. O utilitarismo, por outro lado, sustenta que uma ação é moral se ela resulta no bem maior para a maioria das pessoas.

Baseado nos padrões de resposta dos participantes, os pesquisadores desenvolveram uma equação algébrica para quantificar a força de inclinações deontológicas e utilitárias entre homens e mulheres. Eles descobriram que apenas 54% das mulheres faria uma escolha utilitária – como sufocar o bebê chorando no exemplo acima – se isso significasse minimizar o dano à maioria, em comparação com 64% dos homens.

Quando os pesquisadores examinaram mais profundamente estas escolhas, eles não encontraram nenhuma evidência de que existem diferenças quando se trata de como homens e mulheres avaliam racionalmente o resultado de tomar uma ação utilitária. Em vez disso, os pesquisadores descobriram que a diferença de gênero nas decisões morais é causada por uma reação visceral mais forte entre as mulheres do que entre os homens para fazer mal aos outros.

“Tanto homens como mulheres são regidos pelo intelecto quando se trata de fazer escolhas difíceis. Mulheres adicionalmente experimentam uma forte resposta emocional que integra a sua decisão.”, disse Rebecca Friesdorf, uma estudante de pós-graduação em psicologia social da Wilfrid Laurier University, e principal autora do estudo.