Ondas sonoras poderão ajudar a detectar células cancerosas difíceis de serem encontradas

Encontrar as células cancerosas no sangue pode ser quase impossível. Apenas 1 mililitro de sangue contém cerca de 5 bilhões de glóbulos vermelhos, e apenas cerca de 1 a 10 células cancerosas. Mas, detectar essas células tumorais circulantes (CTCs) é fundamental para que os médicos possam determinar se alguém tem câncer, em que fase está e se o tratamento está funcionando de forma eficaz.

No futuro, os médicos esperam que, ao sequenciar os genomas dessas CTCs, eles sejam capazes de prescrever tratamentos adaptados individualmente para atingir o câncer de cada paciente. Agora, um novo dispositivo que utiliza ondas sonoras para separar as CTCs do resto do sangue pode ajudar. Os pesquisadores que trabalham com essa tecnologia publicaram seus resultados esta semana na revista PNAS .

Atualmente, oncologistas têm outras maneiras de separar as CTCs a partir de uma amostra de sangue. Mas, estes métodos utilizam anticorpos que se ligam diretamente às células cancerosas, o que significa que os pesquisadores precisam saber qual é o tipo de câncer antes que eles possam detectar as células. Estes métodos também modificam os genes das CTCs, tornando mais difícil para os médicos atingirem o câncer com tratamentos precisos. Os pesquisadores esperam que este novo dispositivo possa melhorar os testes existentes por meio de ondas de ultra-som não destrutivas que separarão as células cancerosas das saudáveis.

O dispositivo consiste em dois transdutores acústicos de cada lado de um pequeno canal. Os transdutores de produção de onda são inclinados de uma forma que criam uma “onda estacionária”, que tem seções de alta e baixa pressão. Quando os pesquisadores colocarem uma amostra de sangue no canal, a onda estacionária empurrará as células de ambos os lados do canal. Os altos e baixos da pressão acabam separando as células cancerosas das células normais, saudáveis, devido à variação de forma e de compressibilidade das CTCs. Os pesquisadores fizeram uma experiência com uma amostra com dois tipos de CTCs de tamanhos semelhantes e verificaram que o dispositivo obteve sucesso na separação de 83% das células cancerosas.

Um esquema mais detalhado do dispositivo

Um esquema mais detalhado do dispositivo

A versão atual do dispositivo funciona 20 vezes mais rápida do que a sua última iteração, o que significa que as poucas horas que ele leva para processar uma amostra é quase suficientemente rápido para ser utilizado num ambiente clínico. Os pesquisadores esperam que as versões futuras irão testar amostras ainda mais rapidamente, eventualmente trazendo o dispositivo para o mercado, ajudando no crescente campo da medicina personalizada.