Primeiro tubarão inseminado artificialmente nasce no Aquário de Melbourne

O Aquário de Melbourne, na Austrália, anunciou o nascimento do primeiro tubarão inseminado artificialmente, fruto de um projeto que visa preservar espécies ameaçadas por meio da reprodução assistida.

O filhote de tubarão-bambu (Chiloscyllium punctatum) nasceu no dia 3 de março, encerrando um processo que começou em setembro, quando os aquaristas coletaram uma amostra de sêmen em Mooloolaba, no nordeste da Austrália. O sêmen foi enviado para Melbourne e inseminado na fêmea no mesmo dia. Segundo o aquário, o filhote é o primeiro tubarão concebido in vitro a nascer de uma amostra de sêmen fresco.

Segundo Rob Jones, veterinário do aquário, o nascimento do filhote de 16 centímetros – que deve atingir entre 1,2 e 1,5 metros de comprimento quando adulto – foi um marco na utilização de tecnologias de reprodução assistida.

“Este é um grande salto”, afirmou. O nascimento é o resultado de um projeto de nove anos que estuda os comportamentos reprodutivos dos tubarões, animais comuns na Austrália, mas pouco compreendidos em todo o mundo.

A equipe espera que a pesquisa ajude a criar planos de manejo para espécies criticamente ameaçadas, sobretudo o tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum). Calcula-se que restem apenas 1.500 exemplares na costa leste da Austrália.

O ovo, um dos vários depositados pela fêmea em novembro, mas o único viável, foi monitorado semanalmente durante o período de incubação de 112 dias. “A cada tentativa de inseminação, continuamos a aprender sobre os comportamentos reprodutivos das espécies australianas de tubarão”, declarou o consultor de pesquisa do aquário, Jon Daly. “Esperamos usar essa tecnologia para reproduzir tubarões-lixa em cativeiro e aumentar sua população nos próximos anos”.

Os tubarões são um uma ameaça conhecida a banhistas, mergulhadores e surfistas em todo o litoral do país, e estão sujeitos a um abate polêmico nos estados do oeste, depois de uma série de ataques fatais nos últimos anos. A política de capturar e matar qualquer tubarão-branco, tigre ou cabeça-chata com mais de três metros nas populares praias da costa oeste foi condenada por conservacionistas.

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