Dois meses depois de receber alta do hospital após uma luta árdua contra o ebola, o Dr. Ian Crozier, que tinha os dois olhos azuis, estava de volta ao hospital com dor e ardência no olho esquerdo, que havia ficado verde. Quando os médicos olharam mais de perto, eles ficaram espantados de encontrar células do vírus ainda persistentes dentro do seu olho.
Crozier é um dos muitos sobreviventes do ebola que tiveram complicações remanescentes que confundiram os médicos. Centenas de pessoas, a maioria na África Ocidental, tiveram dor crônica, dores de cabeça, perda de audição, falta de períodos menstruais e fadiga profunda após sobreviverem ao vírus. Outros ficaram com a visão turva ou tiveram vários graus de perda de visão, como Crozier, o que é mais preocupante para os médicos. Mesmo em pessoas que acreditam estar curadas, os médicos estão descobrindo que o vírus pode viver no sêmen e no interior do olho por até nove meses após a vida de um paciente não estar mais em risco.
A razão pode ser devido ao fato de estas áreas serem consideradas “imune privilegiadas”, o que significa que elas são, em grande parte, separadas do sistema imunológico. Isso pode ser benéfico para os olhos e os testículos, porque as mesmas moléculas que combatem patógenos podem danificar essas áreas sensíveis. No entanto, isso os torna potencialmente lugares ideais para o vírus se alojar.
Como o vírus foi encontrado dentro do olho de Crozier e não na superfície, ele não é contagioso. No entanto, alguns novos casos de ebola podem ter sido o resultado de transmissão sexual. Tratar essas condições persistentes pode ser difícil por causa de um número limitado de médicos especialistas, como oftalmologistas, em lugares que mais necessitam deles. Mas, os médicos também estão fazendo um pouco de adivinhação para descobrir com quais tratamentos podem trabalhar, e quanto tempo as condições podem persistir.
Crozier teve sorte; com a ajuda de uma equipe de médicos e alguns medicamentos antivirais poderosos, sua visão – e cor dos olhos – voltaram ao normal dentro de alguns meses. A razão pela qual seu olho mudou de cor ainda é um mistério, embora isso aconteça com alguns vírus e seja, muitas vezes, uma mudança permanente. Ele espera que o sucesso do tratamento ajude às centenas de outros sobreviventes do ebola na África em risco de perderem a visão.