Três síndromes estranhas que você talvez não conheça

O dicionário diz que uma síndrome é um conjunto de sinais, que os outros veem, ou sinais que a pessoa sente, que caracterizam uma doença ou distúrbio físico ou mental. Há algumas síndromes conhecidas, como a síndrome de Down e a síndrome de Estocolmo; e há outras incomuns e desconhecidas como a síndrome de Stendhal, de Diógenes ou de Paris. Então, vamos ver o que são essas síndromes estranhas.

SÍNDROME DE STENDHAL

Santa-Cruz

Assim como existem pessoas que são indiferentes à arte e que podem estar olhando para o David de Michelangelo e pensando no que vão comer no jantar, também existem aqueles que têm uma sensibilidade especial que pode levá-los às lágrimas… ou mais além.

A síndrome de Stendhal foi descrita pela primeira vez quando o escritor francês Henri-Marie Beyle (1783-1842), mais conhecido como Stendhal, sentiu tonturas, náusea, palpitações, transpiração e confusão mental diante da beleza artística que encontrou na Basílica de Santa Cruz em Florença, na Itália. No seu livro “Nápoles e Florença: uma viagem de Milão à Reggio”, escreveu: “Eu cheguei a esse ponto de emoção em que se encontram as sensações celestes dadas pelas Belas Artes e os sentimentos apaixonados. Ao sair da Basílica de Santa Cruz, meu coração batia forte, estava esgotado, caminhava com medo de cair”.

Casos semelhantes ao descrito acima podem ocorrer quando uma pessoa é exposta a um grande número de obras de arte em um mesmo lugar num curto período de tempo. Em casos extremos pode chegar a gerar alucinações e sentimentos de euforia ou depressão, conforme o caso.

Esses sintomas se manifestam especialmente nos turistas que visitam as cidades italianas, berço do Romantismo: Roma, Veneza e sobretudo Florença, por isso a doença também é conhecida como síndrome de Florença.

Apesar da primeira referência ser a de Stendhal, o quadro clínico não foi estabelecido até 1979 pela psiquiatra italiana Graziella Magherini.
Para alguns psicólogos isso é o resultado da sugestão que acompanha muitos turistas que já ouviram falar de tal patologia.

SÍNDROME DE DIÓGENES

acumuladores
Ocorre geralmente em pessoas mais velhas, sobretudo as que perderam um ente querido. Na fase do luto, e muito mais tarde, apresentam um quadro de abandono geral patológico. Deixam de lado a higiene pessoal e a alimentação, e não demonstram interesse pela interação social. Elas tendem a acumular bens, inclusive o que já não usam ou restos, transformando o lugar onde moram em depósito de lixo.

O medo de perder novamente os leva a conservar compulsivamente todo tipo de objetos de maneira indiscriminada. É esta mesma situação de perda que os leva a preferir a solidão, caso alguém de fora tente se aproximar.

Seu registro data da década de 1960, depois de um extenso trabalho científico detalhado sobre este padrão de conduta. Em 1975 recebeu o nome de síndrome de Diógenes, em referência ao filósofo grego Diógenes de Sínope, que por desprezo às convenções sociais adotou um estilo de vida austero e sem confortos. Uma interpretação polêmica, já que contrasta com o espírito acumulador do afetado.

A principal causa do seu desencadeamento é a solidão, o que torna possível de acontecer a qualquer pessoa, independente do seu sexo e situação econômica, da educação que tenha recebido ou do sucesso profissional que tenha alcançado.

SÍNDROME DE PARIS

torre-eiffel-paris[1]
Assim como a síndrome de Stendhal, afeta as pessoas sensíveis à verdadeira beleza, a síndrome de Paris afeta aqueles que esperavam uma beleza irreal.

Não são poucas as referências sobre Paris, históricas ou atuais. A Cidade Luz tem sido o marco perfeito para todo tipo de histórias e a imaginação dos seus consumidores tem alimentado a necessidade de encontrar algo perfeito, idealizado: o paraíso na Terra. Pelo menos isto é o que acontece a centenas de turistas japoneses que ano após ano precisam ser repatriados da capital francesa por sofrer uma crise nervosa por causa do choque cultural. Os sintomas incluem medo, falta de sono, depressão e até estados esquizofrênicos, onde o afetado jura estar sendo perseguido pelos franceses.

A síndrome foi identificada pela primeira vez há mais de vinte anos pelo psiquiatra Hiroaki Ota que, ao ser radicado na França, notou como muitos compatriotas sofriam de uma angústia profunda ao chegar e conhecer Paris. Na metrópole europeia, nem todos se vestiam na moda, nem as pessoas eram tão bonitas. Nas fotos que viram antes, não mostravam o engarrafamento diário nem a sujeira nas ruas. As delícias culinárias não estavam à altura das expectativas e o aroma perfeito que anunciavam as poesias, era difícil de ser encontrado. Sem mencionar os hábitos franceses, que podem ir da indiferença à grosseria.

O doutor Ota escreveu um livro clínico a respeito (Pari sh“k“gun), e o escritor francês Philippe Adam fez o mesmo com um romance. As duas obras levaram a diretora Sae Shimai a filmar A Síndrome de Paris em 2008.

[ID – Discovery Brasil]