Pessoas esquizofrênicas têm bactérias diferentes na garganta

As colônias de bactérias que vivem em nossas gargantas poderiam indicar ou não uma pessoa que tem esquizofrenia, de acordo com um estudo publicado na revista Peer J.

Ninguém sabe ao certo o que causa a esquizofrenia, mas por décadas os cientistas têm olhado para a relação entre a esquizofrenia e o sistema imunológico. O sistema imunológico parece mais fraco em pacientes esquizofrênicos, mas os pesquisadores realmente não entendem como os dois estão ligados. Pesquisas recentes sobre o microbioma – colônias de bactérias que vivem dentro e fora de nossos corpos – mostraram que estas bactérias desempenham, surpreendentemente, um grande papel em todos os tipos de funções, incluindo a regulação dos nossos humores e a modulação do nosso sistema imunológico.

Assim, uma equipe de pesquisadores da Universidade George Washington decidiu investigar quais as bactérias compõem o microbioma em pacientes com e sem esquizofrenia. Eles retiraram amostras da garganta de 32 pacientes, metade dos quais tinham esquizofrenia e metade não, e sequenciaram os genes das bactérias encontradas. Eles observaram quais tipos de bactérias eles tinham, e suas concentrações.

Os pesquisadores descobriram que as bactérias que vivem nas gargantas dos pacientes esquizofrênicos eram muito diferentes das dos pacientes do grupo de controle. Estes tiveram diferentes concentrações de bactérias comumente encontradas, e também uma maior diversidade de espécies bacterianas. Pacientes esquizofrênicos tiveram mais bactérias ácido-lácticas, o que poderia indicar um desequilíbrio em seu microbioma.

Uma representação visual das bactérias e concentrações em pacientes normais e com esquizofrenia

Uma representação visual das bactérias e concentrações em pacientes normais e com esquizofrenia

O estudo tem limitações, pois não considera fungos ou vírus que vivem na garganta que também compõem o microbioma. 32 pacientes é um tamanho muito pequeno de amostra para fazer uma generalização sobre o microbioma de todos os pacientes esquizofrênicos. Além disso, o estudo só abordou as bactérias no microbioma da garganta, não aquelas que vivem no intestino, na boca, no cólon, nas orelhas, ou sobre a pele – os pesquisadores esperam fazer isso em estudos futuros. Havia também muitas outras variáveis ​​que poderiam ter afetado a população microbiana, como se os pacientes fumavam ou não – os pesquisadores tentaram explicar isso, mas não ficou claro que eles eram plenamente capazes de fazê-lo. E eles ainda não compreendem os mecanismos pelos quais as bactérias afetam o cérebro.

Mesmo assim, o estudo é uma exploração interessante de um fator da esquizofrenia. Se estudos futuros revelarem diferenças específicas e universais entre pacientes esquizofrênicos e não-esquizofrênicos, os médicos poderão encontrar biomarcadores no microbioma para diagnosticar pacientes com mais rapidez e precisão. Se os pesquisadores também podem compreender os mecanismos de como as bactérias causam ou agravam a doença (descobrindo uma causalidade, não apenas uma correlação), eles também poderiam encontrar novos tratamentos para a esquizofrenia.